Resultado do Concurso “A hanseníase em seu bairro”

Por Michelle Ramos.

 

Um desenho com duas mãos dadas, uma saudável e outra com manchas de hanseníase, de autoria de Elias Medeiros de Melo, de 16 anos, foi o grande vencedor do concurso “A hanseníase em seu bairro”, que incentivou os alunos do 6° ao 9° ano de escolas públicas da zona oeste de Natal a produzir uma música, desenho, redação ou poesia sobre a doença. Elias foi premiado com um computador e uma bolsa de estudo de 50% para a faculdade, além de seu trabalho divulgado numa revista científica internacional. Uma poesia ficou com o segundo lugar e uma história em quadrinhos foi à terceira colocada.


“Quis fazer algo que simbolizasse o fim do preconceito”, explicou Elias, que estuda o 8º ano na Escola Estadual Maria Ilka de Moura e não conhece nenhum portador de hanseníase, conhecida popularmente como lepra. O adolescente revelou ainda que quer ser artista plástico. “Quero estudar as várias formas de pintar, principalmente o grafite”, conta. Jean Pierre Barbosa, 13, criador da história em quadrinhos, também pensa em seguir o mesmo caminho. “Quero ser um artista”, afirma.

Para a vice-diretora da escola, Lindomar Ferreira de Araújo, os ganhos vão além dos bens materiais. “É uma grande oportunidade para eles serem reconhecidos e também para que possam ampliar seus conhecimentos, seus horizontes. Assim, eles percebem que podem ter mais oportunidade na vida”, enfatiza.


O concurso faz parte das ações de um projeto de combate à hanseníase apoiado pela ONG inglesa LRA (The Leprosy Relief Association) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e o curso de Enfermagem da FARN. Foram realizados também cursos de atualização e clínica geral para agentes de saúde, médicos, enfermeiros e estudantes de Enfermagem, numa preparação para visitar a comunidade da zona oeste; de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, localidade com maior incidência de casos na capital.

 

Segundo a enfermeira e coordenadora do projeto, Cléa Moreno, a doença tem vários estágios e é comum ser tratada como micose ou vitiligo. “Às vezes, as pessoas passam anos desenvolvendo a doença sem saber, e alguns profissionais têm dificuldade de diagnosticá-la”. Durante as visitas, foram diagnosticados sete casos e outros 34 estão sendo investigados, num universo de mais de 200 visitas. “É um índice alarmante. Para se ter noção, tinha-se notificado no ano todo apenas três novos casos e em um só dia conseguimos mais que dobrar o número de diagnósticos”, explica. 

 

O Governo Federal busca erradicar a doença no País, o que significa atingir um índice de um caso para cada 10 mil habitantes. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país do mundo em número de casos, perdendo apenas para a Índia.

 

 

 

Fonte: Tribuna do Norte