Artigo: A valorização do quadrinista brasileiro e a produção de HQs

Por *Mauro Cesar Bandeira


Eu não fiz nada ainda em relação à produção de quadrinhos, acho que tive muita sorte e as pessoas gostaram da minha monografia “A importância das histórias em quadrinhos para a educação” e o projeto “Oficina de animação e quadrinhos” que saiu do papel. Acredito que se cada um, de alguma forma, ajudar o Brasil a se destacar nas HQs e animação, nosso país só tem a ganhar.

 

Posso até parecer idealista, mas com certeza podemos ser lembrados como grande potência nos quadrinhos se mobilizarmos a sociedade em relação à causa. Não basta apenas dinheiro para ter grandes quadrinistas, se assim fosse, vários países desenvolvidos seriam como o Japão é com relação aos mangás.

 
No Brasil os quadrinhos, culturalmente falando, são tão importantes como o futebol, só que nosso país não enxerga isso. Enquanto não acordarmos sobre o efeito positivo que os quadrinhos têm na cultura de um povo e não valorizarmos seriamente nossa própria história em quadrinhos, seremos sempre menosprezados pelos estrangeiros, como por exemplo, – como os gringos dizem – “um país tão rico e é um povo tão miserável”.

 
Acredito que precisamos rever isso, não temos culpa se nossos governantes serem incompetentes. Se o artista quer algo, é preciso fazer primeiro não depender de terceiros, não é tão difícil quanto parece basta tomar atitudes e dar os primeiros passos.


Eu já falei sobre a possibilidade de criar uma universidade de quadrinhos no Brasil. E pode parecer loucura (seremos o segundo país a ter uma depois do Japão), mas dentro das universidades federais ou particulares não somos levados a serio. Dessa forma é preferível ter um local com pessoas que têm a mesma visão e seriedade em respeito aos quadrinhos, para criar revistas e histórias ou livros educativos. Não importa, é necessário termos uma produção constante de hqs, não sei por que tanto preconceito sobre elas. Das nacionais as pessoas gostam da Turma da Mônica, temos condições de criar outros gibis e com isso surgir até outros artistas por meio desses projetos pilotos, basta termos fé no futuro. Como diz o ditado “o Brasil é o país do Futuro”. Mas futuro em que? Resposta: em histórias em quadrinhos produzidas em território nacional.

 

*Mauro Cesar Bandeira é professor, formado em Artes Plásticas, Habilitação em Licenciatura, do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade de Brasília.

4 comentários sobre “Artigo: A valorização do quadrinista brasileiro e a produção de HQs

  1. Mauro, quem já trabalha com hqs no Brasil e quer enviar material para análise para editoras estrangeiras, tu tens algumas dicas e endereços? Obrigado, Ivo Ronaldo.

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  2. Bom, universidade talvez seja exagero, acho que não existe em lugar algum do mundo (EDIT: lendo agora de novo você diz que existe uma no Japão–realmente eu não sabia, quantos cursos será que tem e quais?). Mas um curso universitário seria MUITO interessante. Parecia que existia na Estácio de Sá do RJ, mas acabou. Sou fascinado pelos quadrinhos brasileiros, tenho uma coleção de tamanho pequeno, gosto principalmente dos de terror — HQs de terror (feitos por artistas brazucas) não são mais vendidos no Brasil — taí um erro que precisa ser corrigido já. Eu vou pedir um favor a vocês: por favor divulguem mais hqs de terror, talvez esse seja o gênero mais vítima de preconceito e obscurantismo das HQs. É um sonho, mas eu gostaria de ver novamente (na verdade eu nunca vi, compro HQs de terror em sebos e pela internet, não sou da época delas, quando comecei a comprar HQs, as de horror já tinha se “extinguido” das bancas) nas bancas de joranis.

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  3. Essa é velha… mas…
    Sem dinheiro, a roda não gira.
    Podemos até ter boas obras de quadrinhos nacionais. Bons artistas e escritores que fizeram bons trabalhos no país. Mas sem grana, não são mais que situações ocasionais, trabalhos esparsos e pouco conhecidos, criados por esforços individuais. Sem grana, nunca sairemos do nível fanzine e obras voltadas a um público leitor mais amplo.

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