Morre o Quadrinista Minami Keizi

Confira também o texto “Minami Keizi, a Edrel e as HQs brasileiras” de Elydio dos Santos Neto
Por Michelle Ramos.

Faleceu ontem aos 64 anos, o Minami Keizi quadrinista nipo-brasileiro, formado em Jornalismo e em Desenho, fundador e editor da Editora Edrel entre as décadas de 1960 e 1970, marcou forte presença no campo editorial dos quadrinhos, publicando, em grandes tiragens, Minami foi um dos grandes precursores do estilo mangá nos quadrinhos nacionais; em 2004 recebeu o prêmio Angelo Agostini como Mestre dos Quadrinhos Nacionais e foi um dos homenageados do 20º HQ Mix. Como roteirista Keizi também trabalhou com o Julio Shimamoto em Lendas de Musashi e Lendas de Zatoichi, lançados pela EM Editora.

O Artista também era autor de vários livros, em torno de 800 especialmente que abordando a cultura oriental como “Horóscopo Japonês”, escrito ao lado de Claudio Seto; Começou escrevendo em 62 para o Jornal Juvenil. Foi o primeiro desenhista a desenhar no estilo mangá, publicando tiras diárias no Diário Popular (65) e revista própria (Tupãzinho) de 66 a 72; escreveu textos sobre  astrologia e reflexões filosóficas para o site Nippo Brasil.

(Guedes: 2005, p.23)

Dando uma boa pesquisada na internet encontrei um belo material “Minami Keizi, a Edrel e as HQs brasileiras: “Memórias do desenhista, do roteirista e do editor”, escrito pelo Elydio dos Santos Neto, Doutor em Educação pela PUC/SP (1998); docente e pesquisador do Mestrado em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, onde participa da Linha de Pesquisa Formação de Educadores; interessado na problemática dos novos paradigmas em educação publicou “Por uma Educação Transpessoal” (2006 – Lucerna/Metodista) e “Educação e Complexidade” (2002 – Editora Salesiana Dom Bosco); é pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Histórias em Quadrinhos da USP.

As minhas referências iniciais eram Osamu Tezuka, Ishimori (Ishinomori) Shotaro e Chiba Tetsuya10. Já em São Paulo: a revista Brasinha. No interior eu lia de tudo, principalmente os livros de bolso (Shell Scoth). Gostava muito do Pererê, do Ziraldo. (Keizi fala de desenhistas, roteiristas ou escritores que foram suas referencias no momento de sua formação inicial como desenhista, em entrevista a Elydio dos Santos Neto .)

Imagine-se estar em 1967, quando as revistas de histórias em quadrinhos eram divididas em três facções: As de heróis como Tarzan, Zorro, Super-homem, Fantasma e Cavaleiro Negro. As de séries cômicas infantis como Gasparzinho, Brasinha, Luluzinha e Tio Patinhas. E o gibi para adultos, as podreiras do terror, criados por brasileiros.

Imagine chegar então no jornaleiro da esquina, naquela banquinha pequena que possuía no máximo 50 revistas diferentes em seus cordéis, e mais de 20 títulos de 2 jornais na bancada. Daí, encontrar preso por um prendedor de roupa em um barbante, um gibi chamado Ninja, o Samurai Mágico, estampado na capa, em close, um descabelado, com cara de bêbado, um espadachim com roupa estranha em destaque, e um selo editorial, com um garotinho desenhado no estilo do Gasparzinho.

Você ficaria chocado, como ficaram todos naquela época. Pela primeira vez viase um gibi que reunia em suas páginas todos os elementos das facções citadas acima. Um gibi que não se sabia se era de heróis, terror ou infantil e que trazia uma aventura da época do Japão feudal. A história narrada em ritmo de desenho animado, com muito mais quadrinhos por página do que estávamos acostumados a ver e cheio de personagens com nomes impronunciáveis. E além de tudo, tinha um roteiro absolutamente original. É. O mundo dos comics para quem teve a sorte de ler aquele gibi, lançado pela novata Editora Edrel, nunca mais poderia ser o mesmo.

(Rosa: s/d, p. 51)

Neste material é possível conferir uma entrevista com o Minami Keizi, com informações pessoais de sua vida e trabalho com os quadrinhos nacionais. Esse material em pdf foi originalmente apresentado ao NP Produção Editorial, XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Brasília, 6 a 9 de setembro de 2006.

Com certeza é um material para ficar na memória, assim como seu artista alvo, o Minami Keizi. Clique aqui para baixar.

3 comentários sobre “Morre o Quadrinista Minami Keizi

  1. Minami Keizi é uma referência importantíssima na história do HQ e da divulgação do cinema nacionais.
    Sem dúvida, também um dos escritores que mais produziu literatura popular especialmente em pocket book de romances de amor, farwest, astrologia, etc.

    Fica o VAZIO dificilmente prenchivel.

    Issao Minami, primo irmão de Keizi.

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    • Olá Issao! Que prazer falar com vc, e ter sua visita por aqui, pena que seja num momento como esse…
      Sua mensagem esta mais que correta, Minami Keizi deixa um vazio na historia da HQ, uma pena que no Brasil seus artistas não sejam tão valoridos como deveriam, mas felizmente Keizi deixou fãs que lutaram por continuar com o profissionalismo que o Keizi demonstrava em seus trabalhos. Obrigada mais uma vez por seu registro e desejo sucesso em seus projetos e consolo a sua familia! Abração! 🙂

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  2. òtima matéria sobre este artista, parabéns!
    Gostaria de indicar o meu blog para a galera que se interessar e o blog da revista xorume. O endereço tá lá no meu blog.
    Valeu!

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